[LIVRO] Um Reflexo na Escuridão, de Philip K. Dick (resenha)


Quando comecei a ler o livro, a primeira coisa que me passou na cabeça foi "que viagem é essa?"
O inicio da história não me agradou e eu não consegui fluir a leitura. Porém mais a frente, até que encontrei uns temas interessantes a serem abordados. Um deles é a questão dos usuários de drogas. Enquanto lia, lembrei de uma campanha televisiva sobre o craque, onde uma ex-usuária passava seguinte mensagem: "Quem fuma o craque sofre muito preconceito, vocês tem que olhar quem fuma o craque com compreensão." O que me fez pensar em algo muito interessante. Sempre que se vê uma campanha contra as drogas, o foco é em dizer para as pessoas não passarem a usar. Mas e quem já usa drogas, como que fica? Realmente se olha com muito preconceito quem já é usuário, e pouco se pensa em tentar ajudar essas pessoas, quem muitas vezes até querem sair dessa vida e não conseguem. Mas o que isso tem a ver com o livro? Entenderás mais a frente.


A Scanner Darkly, em português, Um Reflexo na Escuridão, também traduzido como O Homem Duplo em edições mais antigas, é um livro escrito por Philip K. Dick, considerado um dos melhores autores de ficção científica que já viveram, e publicado pela editora Aleph. Nesta edição mais recente tem até uma entrevista transcrita, que o autor concedeu a uma rádio em 1976, uma nota a edição brasileira e uma análise de Vaughan Bell sobre neuropsicologia e psicose na obra. Porem o mais interessante dos extras, é uma nota do própria PKD sobre o livro, onde ele revela que a história foi baseada em experiências vividas pelo próprio, e que alguns personagens são baseados em pessoas que ele conheceu. O triste é que ele fez uma lista dedicada a esses amigos, dizendo o que a droga causou a cada um deles.
Em 2006, o diretor Richard Linklater lançou uma adaptação da obra para o cinema. O filme, protagonizado por Keanu Reeves, foi filmado em live action, porem é uma animação. Como é isso? O diretor usou uma técnica chamada rotoscopia, que desenha por cima de cenas gravadas (técnica que o Richard já usou antes no filme Waking Life, de 2001). A intenção foi dar um visual alucinógeno e fragmentado ao longa, o que faz muito jus ao livro.

Na trama, o departamento de polícia da cidade de Orange, decide combater a circulação de uma droga específica, a Substância D. Essa droga causa efeitos muito fortes e viciantes em quem a usa, porém ninguém sabe de onde é que vem e nem como é feita. Essa substância é bastante degenerativa, então se tem um desespero e emergência de tentar erradica-la o mais rápido possível. Então, um policial especial é designado para se infiltrar no meio dos drogados e investigar para tentar descobrir alguma coisa.
Para isso, Fred (vamos chama-lo assim para preservar sua identidade, pois ele é um agente disfarçado) utiliza uma roupa chamada "traje borrador". Originalmente, o traje deixa quem usa com a forma de um borrão. Aí você pode se perguntar como que alguém vai se infiltrar em algum grupo parecendo um borrão? Na verdade, o traje dá a quem o usa, a forma que quiser. Fred então entra tão de cabeça nessa missão que nem seus colegas policiais sabem quem ele é. Ao comparecer o departamento de polícia ele está sempre usando o traje borrador (na forma borrada) e chamado de Fred.
O problema, é que Fred, ao se passar por um viciado, se torna literalmente um viciado. Seu contato com a Substância D foi forte e ele começa a ter crises de identidade.

"O que é identidade?, ele perguntou a si próprio. Onde acaba a atuação? Ninguém sabe."

É um thriller profundo com vários conceitos e nuances psicológicos. Vale a pena conferir.

Nota: 4

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