O que dizer sobre O Medico e o Monstro? Todo mundo já ouviu falar na história do homem que misturou uns troços, bebeu e se transformou em um monstro. O estranho caso do Doutor Jekyll e do Senhor Hyde
é um dos clássicos livros que acabam ganhando um monte de versões com o
passar do tempo. Essas versões, juntamente com inúmeras paródias e
referências, fazem com que todo mundo conheça as histórias. Por outro
lado, o fato de todo mundo conhecer as histórias, muitas vezes causa o
desinteresse pela procura, e principalmente pela leitura das obras
originais. Afinal, por qual motivo eu devo ler um livro cuja história eu
conheço? Simplesmente pelo motivo de você NÃO conhece a história, meu
amigo! Ver versões e paródias é o mesmo que ler uma resenha (como você
está fazendo agora), ou ouvir uma indicação de um amigo.
Não se conhece um livro, até que o tenha lido.
Robert Louis Stevenson é, sem dúvida, um dos mestres dessas histórias clássicas. E O Médico e o Monstro é uma de suas mais memoráveis.
A história é narrada de uma forma que eu
não imaginava. Simplesmente não começamos acompanhando as reações do
médico a tudo o que acontece. A trama é vista pelos olhos de seu amigo e
advogado, o senhor Utterson. Que também assume muito bem o papel de
leitor. Alguém que está descobrindo tudo. Quem lê, se sente parte da
vizinhança onde tudo acontece. Mesmo você já sabendo o que ocorre, que o
médico e o monstro são a mesma pessoa, é legal pra caralho!
É um mistério agradável de se ler, e saber o que está por trás não atrapalha nem um pouco. Assim como em minha leitura do Clube da Luta,
muito mais aqui do que lá, saber o maior spoiler da história não
diminuiu em nada a experiencia de ler o livro (inclusive, as duas obras
são bem semelhantes em alguns aspectos).
É um mistério bem agradável. Eu só achei um pouco cansativa a narrativa final do relato, contada pelo próprio Jekill.
Mas quem é esse Jekyll? Henry Jekyll é
nada mais, nada menos que “o médico” em pessoa. O cara que vira o
monstro. Imagine aquele seu tio que tem 50 anos e um rosto largo. É tipo
ele, só que britânico. Já o monstro, não é exatamente um monstro da
forma que se imagina. Edward Hyde, o outro lado do doutor Jekyll, é
retratado de forma bastante errônea até os dias de hoje. O senhor Hyde,
na verdade, é um “homem monstruoso”. Esqueça as retratações do Hyde que o
poem como um monstro enorme (cof, cof, A Liga Extraordinária,
cof, cof)! Hyde é muito baixinho, quase um anão. Quem o vê, tem
dificuldade de descrevê-lo. Mas todos concordam que sentem repugnância
ao avista-lo. É um ser humano intrincado, meio defeituoso.
“Dava a impressão de ser aleijado, sem nenhuma deformidade identificável.”“Mal parece um humano.”
Por fim, o que Robert Louis Stevenson
quis nos passar é que todos temos um Hyde. Um eu-ruim. E que não devemos
tentar separar os dois lados, ou deixar que apenas um prevaleça. Os
dois lados nos completam. Um lado é dependente do outro. Portanto, deve
haver um equilíbrio.
“…Todos os seres humanos que conhecemos são uma mescla do bem e do mal, enquanto Edward Hyde, exceção nas fileiras da humanidade, era o puro mal.”
É uma leitura obrigatória! E, para melhorar, a Companhia das Letras nos trouxe uma edição bem legal, cheia de extras, fininha e rápida de ler.
O Médico e o Monstro
Robert Louis Stevenson
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2015
Encadernação: brochura
20 x 13 cm
Nº de Páginas: 160
Onde comprar: Americanas | Saraiva | Submarino
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