Quando contei a algumas pessoas que estava lendo um livro do Rick Riordan, ouvi coisas como “a linguagem é muito adolescente“, “semi-deus de novo, ele devia variar“, e “deve ser igual a Percy Jackson”. Tirando a terceira citação, o resto até que é verdade, mas eu adorei.
A linguagem adolescente é justificável
de várias formas. Primeiro, é um livro para o público infanto-juvenil,
então, se você não for desta faixa etária, não tem do que reclamar. O
que também não impede a obra de agradar alguns adultos (como meu pai e
eu, por exemplo). Segundo, que a estória é narrada pelo personagem
principal de 16 anos. O fato de outra vez se tratar de um semi-deus…
Acredito que talvez seja um universo de semi-deus que o autor está
construindo, vai saber. Pois apesar de Magnus Chase tratar de mitologia nórdica, ele coexiste com o universo de Percy Jackson e de As Crônicas de Kane (outra série dele sobre mitologia egípcia). Ele poderia variar? Poderia. Mas isso não diminui a trama.
Magnus não é filho de Odin, Loki, Thor
ou alguns desses mais conhecidos. Ele é filho de Frey, um vanir, deus da
colheita e da vitalidade (vanires são deuses da natureza, diferente dos
aesires, que são deuses da guerra). Por conta dessa “vitalidade”, nosso
amigo Magnus possui a habilidade de se curar, e curar outras pessoas.
Isso lembra alguma coisa? O Percy Jackson, é claro, que se cura através
da água por ser filho de Poseidon. Mas chega de comparações!
Não! É claro que vamos fazer mais. Bem,
eu não li os livros do Percy, apenas vi o primeiro filme, que inclusive
achei meia boca. Deixa muito a desejar. Quando li Magnus Chase,
me surgiu o medo de que talvez o livro também ganhe uma adaptação ruim.
Imaginei isso por conta de dois fatores principais. O primeiro são os
palavrões. “Espera! Tem palavrões?” Tem. Mas nenhum palavrão é exatamente citado. “Como assim?” Tem muito trecho semelhante a “ele(a) soltou um palavrão“, e “ele(a) soltou um palavrão em norueguês“.
Fiquei imaginando se em uma adaptação, colocariam os supostos
palavriados, os chatos termos “droga”, “meleca”, entre outros, ou se
simplesmente ignorariam estes detalhes. Apesar de que, os em noruegues
creio que não seria problema. O segundo fator, que me fez imaginar que
não adaptariam bem, é a violência. Aliás, como é que podem falar sobre a
cultura dos povos vikings, sem rolar uma violência? Espadas, machados,
sangue, empalamento, decapitações, amputações, e uma sangrenta batalha
recreativa em Valhala. Será que teria isso tudo em uma adaptação para um
público infanto-juvenil? Vai saber. Espero que sim. Na verdade, espero
que não adaptem. Mas vamos a outra comparação.
Claro que tem mais comparações. Ouvi de uma leitora de Percy Jackson a seguinte pergunta: “É um trio outra vez?”
É. E não é. Magnus Chase tem dois melhores amigos que andam sempre com
ele. O que forma um trio. Mas os dois não são os únicos amigos que o
acompanham em sua jornada. Isso aumenta o núcleo principal para mais de
3, não mantendo de fato um trio. Destaque para Samirah al-Abbas. Ótima
personagem. Uma valkíria muçulmana (leia o livro para mais informações).
E, é claro, você não poderia ler a obra, se a queridíssima editora Intrínseca
não o tivesse trazido para nós brasileiros em uma edição muito legal
com o número 1 na lombada. O que me faz olhar a estante e desejar que
tenha os demais volumes.
Capa comum
22,8 x 15,8 cm
448 páginas
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