Já ouviu alguém dizer “cuidado com o que
deseja”? Muitas vezes até se consegue o que é almejado, mas não da
forma como se imaginava. Como, por exemplo, desejar prazer e o obter em
meio a dor e sofrimento. Este é o ofício dos cenobitas: proporcionar
prazeres de forma extrema aos que os invocarem.
Eles chamavam aquilo de prazer, e talvez, estivessem falando sério. Talvez, não. Era impossível de saber ao certo em se tratando deles, que eram tão irremediavelmente ambíguos.”
Tá. Mas quem são esses cenobitas? Os
cenobitas nada mais são do que entidades de outro plano. Esse outro
plano, não nomeado no livro, é para onde quem busca prazer é levado para
o encontrar entre torturas e flagelações. Ao serem invocados, 5
cenobitas específicos são encarregados de buscar o felizardo. Mas às
vezes só vão 4. São eles os teólogos da ordem de Gash. Esse povo bonito
aqui:Tá.
Mas quem foi Gash, e como essa galera se tornou teóloga? Não me
pergunte, pois o livro não nos revela mais detalhes sobre eles.
Simplesmente pelo fato de que, diferente do que eu achava, a estória não
gira em torno dos cenobitas. É, você já deve ter notado que eu nunca vi
os filmes. Mas falta de vontade não foi. Quando eu era criança,
frequentava locadoras de vídeos VHS, e as capas com a cara daquele
indivíduo careca cheia de espinhos sempre me interessaram. Porém, por
alguma razão, o universo conspirou para que eu nunca visse, e só agora
entendo o motivo. Era para ler o livro antes.
E o livro é ótimo (e rápido de se ler)!
Como já citei antes, eu achava que a estória se centrava nos cenobitas,
por terem tanto uma aparência, quanto uma presença bem marcante. E
também pelo cara de espinhos estampar as capas das fitas VHS. Mas a
trama gira em torno de um triangulo amoroso. Isso mesmo.
Um cara é casado com uma mulher, que
ama o irmão dele, que tá preso com os cenobitas, e quer fugir com a
ajuda dela. E ainda tem outra mulher, que ama o cara que é corno, e é
bem importante na trama. – Essa é a minha sinopse.
Esse resumo pode até não interessar quem
o lê. E não deveria mesmo. O interessante da coisa é como a estória é
contada. Minha curiosidade e vontade de ver os cenobitas em cena
simplesmente cessaram para dar lugar a uma atenção especial pela trama
principal. Que é muito bem construída, juntamente com personagens muito
bem construídos. Clive Barker merece o tempo, a atenção, e o dinheiro de
vocês.
E para esta obra chegar em suas mãos, nada mais merecido (e necessário) do que o tratamento fantástico que a Darkside Books
dá às suas publicações. Capa dura de couro (se não for, parece muito)
com uma arte incrível, tanto na frente, quanto atrás, representando a
caixa de Lemarchand (um dos meios de invocação dos cenobitas), e uns
detalhes em alto relevo.
Vale também ressaltar a excelente tradução do grande Alexandre Callari (membro do saudoso Pipoca e Nanquim).
Existem dois erros de revisão, eu pelo menos contei dois (se eu não
estiver errado, é um na página 135, e outro na 148, por ai), porém, isso
se torna irrelevante ao se envolver no incrível texto, enredo, e livro
que é Hellraiser: Renascido do Inferno.
Ah! Eu já ia me esquecendo de falar do
cheiro. Os livros publicados pela Darkside tem um cheiro mágico que me
faz cheirar mais do que ler. Dispensa comentários (leia nosso artigo sobre o motivo de cheirarmos livros).
E agora, para encerrar, cantem comigo:
Hellraiser: Renascido do Inferno
Clive Barker
Editora: Darkside Books
Ano: 2015
Encadernação: Capa dura
Nº de Páginas: 160
Onde comprar: Amazon | Saraiva | Submarino
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