[LIVROS] O Menino que Desenhava Monstros, de Keith Donohue (resenha)


É certo o fato de que, todo livro lançado pela editora Darkside Books tem um acabamento primoroso, e mesmo que você não goste da história em si, vale a pena ter a edição de tão linda que ela é. Isso já o motivo #01 para você adquirir O Menino que Desenhava Monstros. Isso sem dizer ainda como é a edição brasileira desse livro (continue lendo, que eu lhe falo).
Quando peguei o livro para ler, eu tinha acabado de ver Stranger Things, a série da Netflix que fez bastante sucesso recentemente (e que é incrível). E embora a série e o livro, mesmo sendo terror numa cidade pequena e tendo crianças, não são lá parecidos um com outro, foi uma experiência interessantíssima (se você ainda não viu a série e nem leu o livro, recomendo seguir essa sequência). O começo do livro tem um ritmo um pouco lento, alguns podem fazer a leitura fluir se acharem a introdução interessante e querer saber onde isso vai dar. Outros podem apenas achar um pouco parado e insistir pra ver se melhora (e melhora sim). Já eu, estava tão no hype de Stranger Things, que nem percebi o começo passar.

Tá, mas afinal, do que se trata esse livro?
Resumidamente resumindo, é sobre um menino com transtornos psicológicos, que desenhava monstros, e esses monstros saiam do papel. Pronto, já pode fechar a resenha e nem precisa ler o livro.
Não, é brincadeira! Volta aqui.
Esta ideia do meu resumo resumidamente resumido poderia gerar várias e várias histórias de diferentes formas (tem um episódio de uma das séries das Tartarugas Ninjas [não lembro qual era, pois vi na infância, talvez seja a de 2003] onde um garoto possuía um lápis mágico onde tudo o que ele desenhava ganhava vida. Mas agora estou em dúvidas se vi mesmo isso em Tartarugas Ninjas ou em outra animação), porem a que o autor, Keith Donohue (sim, também achei que Keith era uma mulher, mas é só mais um americano médio caucasiano [que fez um livro bem maneiro]), desenvolveu em O Menino que Desenhava Monstros, é bastante profunda e se expande de forma que explora muitos outros elementos.

Eu realmente gostaria de ver uma história com personagens que possuem algum tipo de limitação intelectual, ou transtorno psicológico, que não fosse terror ou suspense, e que esse personagem não fosse o motivo desse terror ou suspense (embora eu ame A Menina Submersa). Mas até agora, os filmes e livros que vi com personagens assim, até que são muito bons. Incluindo O Menino que Desenhava Monstros.

Espera, o que é que o personagem tem?
O livro é protagonizado  por Jack Peter (quase um João Pedro), um menino de 10 anos portador de síndrome de Asperger, e agorafobia (procurem na wikipedia). Esses dois problemas são elementos importantes na construção da personalidade do João Pedro Jack Peter. A síndrome de Asperger por exemplo, por fazer a pessoa se isolar mais do convívio social, faz com que o portador se interesse mais por pequenas manias e hobbies incomuns, como empilhar latas (este exemplo é um oferecimento de Wikipedia, a sua enciclopedia digital). E pelo Jack  Pedro ser uma criança, isso pega muito mais fácil nele. De tempos em tempos ele tem um hobbie diferente, como as fazes que todos temos na vida, até chegarmos no momento em que ele adquire o habto de desenhar monstros (vejam só).
E os monstros não são apenas monstros. Lembram da resenha de A Menina Submersa onde eu falei que os fantasmas, sereias e lobos são uma metáfora? Então, aqui também. Mas adivinha. Os monstros são monstros mesmo.

Mas como os monstros são monstros e são uma metáfora?
Ouça música "Monstros" do Supercombo (tem no Spotify).

E lembre que há fases em nossa vida que não passam.

Tá, e é só isso? Não, o além de explorar nossos monstros, o livro também explora vários elementos nos tornam humanos, e talvez mais parecidos com o Jack Peter. Afinal, criamos monstos o tempo todo.

Agora já chega de falar do João Pedro. Temos outros personagens interessantes para conhecer durante a história. Destaque para os pais do menino e o seu amiguinho Nick.
Falando novamente de Stranger Things, sabe aquele pai de uma das crianças que parece estar super de boa com toda bizarrice que acontece? Lembrei dele quando conheci o pai do João, mas não pense que eles sejam tão parecidos. O negócio é que apesar de ser trabalhoso cuidar dessa criatura, o cara consegue ser super otimista e um bom pai. Já a mãe não sabe como lhe dar e pensa até em se livrar do coitado.
Já o amiguinho dele, o Nick, é um caso a parte. Vamos dizer que é quase um relacionamento abusivo. Com o tempo, enquanto Jack foi desenvolvendo seus transtornos, ele passou a não ter interação com outras crianças, e Nick ficou sendo seu único amigo. Por saber que Jack não teria outros amigos caso ele se afastasse, Nick se submete aos caprichos do amigo e sempre adere as suas constantes mudança de fases. Vale ressaltar que tem que ter muita paciência pra ser amigo desse menino. É algo bem conturbado.

[IMAGEM]

Ainda não se convenceu? Passa numa livraria e só segura e folheia a edição BR do livro. Como eu sempre digo, a Darkside não sabe brincar. A capa é dura e tem autorelevo no nome, e nos dentes. E as páginas em si são lindas.

[IMAGENS]

Ao final do livro (e que final) somos convocados a desenhar nossos próprios monstos, receios, angustias e tudo mais. Achei sensacional, mas não desenhei, pois eu já escrevo os meus monstros. Mas fica aí o desafio pra você, desenha aí (se já tem o livro) e manda uma foto pra gente.

[IMAGENS]

Por fim, leiam um livro num tempo frio, enrrolado(a) em alguma coberta e tomando algo quente.
Se ouvir barulhos estranhos não se assuste. São os monstros saindo do livro.

[FICHA TECNICA]

[NOTA 4]
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